História

Guppy (Poecilia reticulata)

O peixe ideal para os iniciantes em aquariofilia. Robusto, fácil de alimentar e reproduzir o Guppy constitui um dos mais belos peixes que povoam os nossos aquários. Importa, todavia, alguns conhecimentos acerca das suas características, necessidades e hábitos; só assim poderemos mantê-los nos nossos aquários nas condições ideais.

Ficha do peixe:
Nome original: Poecilia reticulata.
Nome comum: Guppy.
Origem: América do Sul, Norte do Amazonas, Trinidad e Barbados.
Comportamento social: Muito bom.
Dimorfismo sexual: Macho mais pequeno que a fêmea com barbatana anal transformada em gonopódio. Barbatanas mais desenvolvidas e coloridas no macho.
Tamanho: Macho até 3 cm, fêmea até 5,5 cm.
Temperatura: 16º a 30º C. De preferência 24ºC.
Água: Neutra e dura. (pH: 7.0)
Alimentação: Omnívora. Preferencialmente tubifex, larvas de mosquito, algas, alface.
Informação:

O «Guppy» (poecilia reticulata) é sem dúvida o mais popular dos peixes tropicais. Se bem que descoberto em 1859, ele foi recolhido pela primeira vez em 1866 na ilha Trinidad (Antilhas) pelo Dr.Guppy.
Inicialmente classificado sob o nome de «Lebistes reticulatus» foi posteriormente (a partir de 1963) alterado para «Poecilia», nome sob o qual é internacionalmente aceite.
Os membros da família «Poeciliidae» são na generalidade, de reduzidas dimensões; possuem escamas ciclóides, barbatanas desprovidas de espinhas rijas. Não ostentam linha lateral; a bexiga natatória não comunica com o esófago. A hibridação é comum nesta família.

O «Guppy» encontra-se disseminado por toda a América Central, particularmente nos pequenos cursos de água e nos lagos e charcos, onde suporta grandes variações de temperatura e águas frequentemente estagnadas e pouco oxigenadas. É uma espécie extremamente robusta, bastante voraz e vivendo em paz com os outros peixes.

No estado selvagem, as fêmeas apresentam uma coloração verde azeitona, com ventre prateado e barbatanas claras. Podem atingir cerca de 5,5 cm de comprimento. Os machos, mais pequenos – com cerca de 2,8 cm – exibem diversas cores repartidas pelo corpo e pelas barbatanas. Com efeito, não existem dois machos idênticos na coloração. Esta extrema variedade de cores – e até de forma de barbatanas – permitiu fixar, após pacientes trabalhos selectivos, os belos espécimen que hoje nos é dado apreciar.


Os criadores que se dedicam à reprodução do «P. reticulatus» têm oferecido ao público exemplares com os mais variados tipos de barbatanas; ao mesmo tempo obtêm-se cores cada vez mais brilhantes e variadas.
Os nomes de certas variedades de barbatanas caudais são suficientemente explícitos: espada elevada, espada baixa, espada dupla, cauda de lira, cauda em pá, em ferro de lança, redonda, em alfinete, forma de véu, véu em delta e cauda em leque.

A tendência actual projecta-se nas variedades possuidoras de grandes caudas em forma de delta ou em véu; as cores obtidas vão dos mais belos verdes aos vermelhos, passando pelos negros. Há criadores que conseguiram obter fêmeas com grandes barbatanas dorsais e caudais possuidoras de várias formas; estas fêmeas apresentam ainda uma forte coloração não só no próprio corpo como ainda nas barbatanas.

Estudos genéticos, recentemente efectuados, revelaram que alguns factores são geneticamente dominantes – barbatana caudal arredondada – enquanto outros são recessivos – barbatana caudal em forma de véu.
Em vários países existem sociedades amadoras de «guppys» e cujos membros se limitam a reproduzir «P. reticulata». Periodicamente efectuam exposições onde são dados a conhecer os resultados dos seus estudos selectivos.

A reprodução destes peixes não oferece problemas ao iniciado. São peixes ovovivíparos. O desenvolvimento dos embriões efectua-se em ovos no interior da mãe. Não há, pois, qualquer tipo de dependência materna no que respeita ao desenvolvimento dos embriões, como no caso dos animais vivíparos cuja alimentação e sobrevivência nos primeiros estádios de desenvolvimento embrionário está dependente da corrente sanguínea da mãe.

É fácil a distinção dos sexos. A fêmea possui uma desenvolvida barbatana anal em forma triangular. No macho essa barbatana foi modificada na forma e na função, aparecendo em seu lugar o gonopódio, que exerce o papel de órgão copulador. O apetite sexual no macho é muito forte, o que leva a cortejar incessantemente a fêmea. É pois aconselhável ter várias fêmeas para cada macho. Uma particularidade interessante: uma fertilização da fêmea dá origem frequentemente a tês ou quatro gerações.

As fêmeas amadurecem cedo, estando aptas para a reprodução aos quatro meses de idade. Uma fêmea adulta, bem alimentada e habitando um aquário adequado tem partos com intervalos de quatro meses a cinco semanas. Em cada parto podem nascer até cem, ou em casos excepcionais, mais de cem alevins. No ventre da mãe, os olhos dos embriões são muitas vezes visíveis, dando origem a um ponto negro junto da barbatana anal. Este ponto aumenta em tamanho e torna-se cada vez mais escuro á medida que a data de nascença se aproxima.
O instinto materno está ausente; se não forem oferecidas condições de sobrevivência aos alevins aquando do seu nascimento, é bem seguro que serão imediatamente devorados pela própria mãe ou por outros quaisquer predadores.
A fim de evitarmos esta situação, devemos oferecer aos alevins um aquário bem plantado e possuidor de refúgios fáceis. É prudente tirarmos todas as
outras espécies. O musgo de java é uma planta que oferece boas condições para esconderijo das crias.

Outro modo de salvarmos os recém-nascidos consiste na utilização das chamadas maternidades. O comércio especializado oferece vários tipos e modelos; basicamente trata-se de um recipiente contendo dois compartimentos separados por uma grelha. A fêmea é colocada no compartimento superior sendo-lhe vedado o acesso ao outro pela grelha. As crias ao nascerem caem para o compartimento inferior passando através das ranhuras do separador. Após o nascimento dos alevins devemos retirar imediatamente a fêmea da maternidade, pois as crias que tenham a veleidade de subir ao compartimento superior correm grave risco de serem devoradas pela mãe.

Os alevins crescem rapidamente. Fáceis de alimentar nos primeiros tempos da sua existência, aceitam de bom grado, quer artémia salina, quer comida seca reduzida a pó fino.

Os «guppys» sendo uma espécie robusta toleram temperaturas na água que podem ir dos 15º aos 30ºC. A temperatura ideal, sobretudo em termos de reprodução situa-se nos 24ºC. Mostram preferência por água neutra e dura.